MAR de LANA GASPARØTTI

Olhar para casa como uma procura constante: não apenas de portas que dão acesso a quatro paredes mas também a janelas para um lugar interno de poder estar, de uma flutuação possível embalada em ondas que levam e trazem concretizações e novos objetivos, que permitem a que o espaço se abra a escolhas presentes de como nos queremos conduzir ao futuro.

É assim que recebemos “MAR” de LANA GASPARØTTI, como um cordão umbilical entre a sua cidade natal - carregada de memórias e vivências de uma relação direta com o litoral algarvio -, e a procura por um caminho que as traga consigo sem medo de pensar em que para que é que serve o tempo e como queremos manipulá-lo sendo algo precioso e irrepetível – o aqui e o agora.
Agarrando as raízes lacobrigenses e transformando-as numa espuma rica de misturas pouco comuns no panorama da música portuguesa, mistura géneros de drum and bass, jazz e eletrónica, com fortes influências musicais como Prodigy, LTJ Bukem, Hiatus Kaiyote, entre outros. Distingue-se pela sua autenticidade com samples bastante pessoais e auto-biográficos, apostando na intimidade como um espaço de possibilidades criativas no desenvolvimento artístico.
Em “Mar” conseguimos ouvir para lá das ondas, numa interferência sinestésica entre a linha telefónica e os synths que permitem uma candência espiralar, em direção a um universo próprio que está apenas no inicio de percurso.

O vídeoclip sugere uma personagem alienista inspirada no admirável mundo novo que é a inteligência artificial e toda a estética que esta envolve.
Nesta narrativa visual a personagem navega entre paisagens sonoras onde parece experimentar pela primeira vez a terra ou outro lugar.
Com evidente influência de Buñuel, Ingmar Bergman, Maya Deren e outros, as imagens transitam entre delírio e realidade, criando tensões rítmicas, altos contrastes e distorções.